- Bem, eles estavam por perto ontem à noite. Disseram ter visto um homem no seu quarto.
Caí na gargalhada, afinal tudo aquilo era absurdo demais:
- Isso é ridículo! Um homem no meu quarto? No meu quarto? - Ao ver que ele ainda não estava convencido, parei de rir. - Olhe, ontem à noite não havia homem nenhum no meu quarto e também não havia homem nenhum na torre - afirmei ansiosa. Por pouco não acrescentei “Não que você tivesse alguma coisa a ver com isso, se houvesse”, mas me contive ao perceber que isso não era o que eu realmente sentia. - Ora, ora! Estamos parecendo um casal que vive junto há muito tempo.
- Se fôssemos casados - rebateu Alessandro, ainda sem sorrir -, eu não precisaria perguntar. O homem no seu quarto seria eu.
- Os genes dos Salimbeni - comentei, revirando os olhos - estão novamente mostrando sua cara feia. Deixe-me adivinhar: se fôssemos casados, você me acorrentaria no calabouço toda vez que saísse de casa, certo?
Ele considerou a idéia, mas não por muito tempo:
- Eu não precisaria disso. Depois de me conhecer, você nunca mais iria querer outro homem. E - completou, finalmente pousando a colher na mesa - se esqueceria de todos que já conheceu.
As palavras dele - meio brincalhonas, meio sérias - enroscaram-se em mim feito um cardume de enguias num afogado e senti milhares de dentinhos pondo à prova minha compostura.
Julieta - Anne Fortier
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